Assassin’s Creed Shadows: Aventura no Japão feudal é excelente
Um dos cenários mais desejados pelos fãs de Assassin’s Creed, sejam eles veteranos da trilogia renascentista de Ezio ou adeptos vindos da trilogia de RPGs iniciada no Egito Antigo de Assassin’s Creed Origins, é o Japão feudal, com seus ninjas e samurais. Esse é o palco para Assassin’s Creed Shadows, o melhor jogo da série em muito tempo.
Assassin’s Creed Shadows pega tudo o que os RPGs anteriores (Origins, Odyssey e Valhalla) tinham de melhor, descarta elementos que não agradaram tanto aos jogadores e adiciona pequenas mecânicas e sistemas de outros jogos de mundo aberto da Ubisoft, como os últimos Ghost Recon e Far Cry, para entregar um excelente RPG de ação, com um mundo deslumbrante para explorar, dois protagonistas bastante distintos para controlar e inovações que, espero, persistam nos futuros lançamentos, desta e de outras franquias da produtora francesa.
O jogo é o décimo quarto na cronologia da série, e assim como Syndicate (o Assassin’s da Revolução Industrial), tem dois protagonistas distintos e presentes na história. Não é como Alexios e Kasandra de Odyssey, ou as versões feminina e masculina de Eivor: A shinobi Naoe e o guerreiro Yasuke são personagens únicos, cada um com sua própria história, que se intercala na trama maior de Shadows. Eles contam com habilidades distintas e jogar com cada um deles faz com que o jogador precise repensar sua abordagem na hora de invadir um castelo ou entrar em combate.
Assista ao trailer de lançamento:
A trama principal de Assassin’s Creed Shadows se passa na turbulenta era de Oda Nobunaga, com o Japão em guerra e, é claro, rivalidades entre grupos poderosos, intrigas e corrupção. A Ordem dos Assassinos e seus rivais estão presentes, como o jogador logo descobre nas primeiras horas da aventura, mas há muito mais coisas acontecendo no Japão,o que faz com que o mundo do jogo pareça mais vivo – nesse aspecto, me lembra o cenário de Valhalla, em que as disputas políticas e a guerra entre vikings e britânicos eram mais importantes do que a busca por relíquias de alguma civilização alienígena, ao menos durante a maior parte do tempo.
O jogo não te conduz pela mão o tempo todo e há diferentes níveis de “exploração” que podem ser selecionados, conforme o tempo e interesse do jogador no desafio de investigar e procurar seus objetivos. Conforme interage com o mapa e com os personagens que encontra, você desbloqueia pistas sobre os objetivos de Naoe e Yasuke. É bem legal como isso se aplica aos alvos dos assassinos, por exemplo. E mesmo quando você acaba trombando um alvo que nem estava na sua lista e o elimina “antes da hora”, a morte serve para abrir uma nova linha de objetivos, revelando pistas sobre outros membros daquela organização, por exemplo.
E caso você fique totalmente perdido, basta segurar um botão para ativar o modo Guiado, com uma seta levando até a área do próximo objetivo marcado no seu mapa.

Naoe é uma jovem shinobi, ou uma ninja como a gente costuma chamar no ocidente. Jogar com ela é mais parecido com controlar um Assassino tradicional da franquia. É preciso se valer de furtividade, espionar os inimigos, se aproximar sem ser vista andando pelos telhados, e abater os alvos com um único golpe fatal. Ela se vira bem em combate também, mas embora seja rápida, nem se compara ao tanque que é Yasuke.
Suas ferramentas para ataques à distância, como kunais e shurikens, e seu arpéu para escalas, fazem de Naoe uma assassina versátil. Poder se arrastar pelo chão até as proximidades de uma vítima desatenta, ou se esconder no escuro de um cômodo, para abater o alvo através da parede, é algo que se espera de um jogo de ninjas e bem, Assassin’s Creed Shadows entrega esses e outros momentos de ‘puro cinema’.
Yasuke é um guerreiro de armadura, katana e outras armas que ampliam ainda mais sua força bruta. Entrar numa briga com ele após passar um bom tempo com Naoe é uma experiência eufórica, dada a capacidade do gigante para a aniquilação dos oponentes. Ele tem suas próprias técnicas de assassinato, bastante brutais, e uma abordagem muito mais direta do que os métodos furtivos da colega.
Após um longo período inicial, você pode trocar entre os dois personagens, e a progressão de experiência e habilidades entre eles é compartilhada – eu entendo que é por se tratar da progressão do usuário da Animus, que salta entre os dois protagonistas, ser a mesma. Claro, cada um tem algumas habilidades exclusivas.
Naoe conta com o arpéu para escalar prédios e saltar entre eles, por exemplo. Yasuke pode derrubar portas ao passar correndo na direção delas. Curiosamente, o grandalhão não consegue dar o “salto da fé”, marca registrada dos Assassinos. Mas ele pode tentar e o resultado é hilário – e rende uma conquista/troféu na primeira vez. Recomendo!
Muita coisa para fazer
O mundo aberto de Assassin’s Creed Shadows é bonito de se ver, tem estações do ano com mudanças climáticas e na paisagem que afetam o jogo. É cheio de segredinhos, conhecimentos e colecionáveis, missões secundárias interessantes e, principalmente muita liberdade na hora de perseguir alvos e objetivos. Há tesouros para encontrar, novas armas e trajes – um mais bonito que o outro, diga-se de passagem – que impactam nos atributos dos personagens… aliados para recrutar e assim por diante.
Há muita coisa para fazer no jogo e tudo colabora para o desenvolvimento dos personagens. A progressão casada entre Naoe e Yasuke dão uma tranquilidade para você jogar com quem preferir, sem ficar preocupado por deixar o outro personagem de lado por muito tempo.
Entre as novidades do jogo, está o vilarejo secreto de Naoe. Uma verdadeira “Vila da Folha” que você constrói e aprimora, em um sistema muito melhor do que o da vila viking de Eivor em Assassin’s Creed Valhalla. Ao levar novos moradores para lá, pode construir novas instalações, que rendem itens melhores ou outros recursos. Você pode decorar o interior de cada casa, construir onde quiser dentro do espaço da vila, posicionar animais de estimação – como o cachorro da missão bônus de pré-venda do jogo – e ainda explorar a área em busca de tesouros escondidos. E acredite, eles existem.
Combate de qualidade
Uma das coisas que mais gostei em Assassin’s Creed Shadows foi o sistema de combate. A outra foram os assassinatos, mas já falei bastante deles nos parágrafos anteriores.
O combate é uma versão muito aprimorada dos games anteriores, com foco na deflexão dos golpes do oponente, esquivas precisas e em deixar o inimigo exposto. Tanto Yasuke quanto Naoe eventualmente ganham armas para lidar com grupos de oponentes de forma mais efetiva, mas o jogo brilha mesmo nas lutas um contra um. Ao enfrentar certos oponentes importantes da trama, “chefes” por assim dizer, rola até uma trilha sonora especial, com faixas cantadas de pop rock japonês. E isso pode soar esquisito, mas acredite, é tão legal que você vai querer que toda luta de chefe tenha esse efeito.
Assassin’s Creed Shadows valeu a espera!
Eu recebi uma cópia do jogo da Ubisoft e joguei Assassin’s Creed Shadows no Xbox Series X, e é um dos jogos mais divertidos, envolventes e legais que joguei este ano. Também é o melhor Assassin’s Creed ao estilo RPG, sem dúvidas. O jogo conta com uma ótima localização em português e dublagem caprichada – embora seja bem legal poder jogar com as vozes em japonês! – para você curtir as histórias do Japão Feudal sem perder nada.

É uma evolução e tanto comparado com Assassin’s Creed Valhalla e falo isso sendo um dos maiores fãs do jogo da era Viking. Se está em dúvida se vale a pena comprar o novo Assassin’s Creed, ele está disponível também no serviço Ubisoft Plus. Mas, sinceramente, o jogo valeu toda a espera!
Assassin’s Creed Shadows está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
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